segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ivo Rodrigues, um curitiboca com esterco na bota.

Terminei de ler o primeiro capítulo do Livro "Curitibocas - Diálogos Urbanos", escrito por João
Varella e Cecilia Arbolave. Segundo os autores "Curitibocas - Diálogos Urbanos" é um livro que reúne 17 entrevistas com os principais ícones curitibanos. A obra pretende fazer uma radiografia da cidade, de seus atores mais influentes e das discussões contemporâneas mundiais. Derrubando as lendas urbanas que a caracterizam, o livro dará um ponto de vista único para os curitibanos e situará os leitores de fora da cidade.

O legal é que eles mantiveram um blog (ainda no ar), durante todo o desenvolvimento do livro, assim os leitores puderam acompanhar todo o processo das entrevistas que compoem os 17 capítulos. Outra coisa interessante é que, apesar do livro ja se encontrar à venda nas livrarias, tambem pode ser baixado em formato pdf, através do link divulgado no Blog do Curitibocas. Outra curiosidade: A autora Cecilia Arbolave uma legítima argentina de Buenos Aires.

O Primeiro "curitiboca" do l ivro é o vocalista da banda Bindagem, Ivo Rodrigues. A entrevista é imperdível. Ivo fala de assuntos como sexo, drogas e Rock and Roll, sua experiência com a doença que quase o matou, provocada pela bebida e pelas drogas, além de contar a trajetória da banda em seus mais de 30 anos de sucesso.
Abaixo um pouquinho do que Ivo Rodrigues conta no livro:

Como você lida com a fama?
Em primeiro lugar, eu nunca fui estrela e nunca vou ser. É muito bom ter consideração por mim e pelo meu trabalho e sempre me tratam com muito carinho. Vale qualquer cachê do mundo. Mas não só eu, é com todo o Blindagem. Agradeço a Deus por ter pessoas que me
tiraram do mau caminho.

Qual mau caminho?
Quase fui para o espaço, passei uma época bem ruim, internado no hospital, por causa de whisky e pó. Pensei que ia embora mesmo. Deus me deu a chance de viver novamente. Hoje em dia, tomo uma cervejinha, meio cabreiro ainda, ou água. Tem nego que pensa que eu morri. Um amigo foi para Salvador passar umas férias. Naquela época, havia morrido um ex-baterista nosso. Disseram para ele:
- Sabe quem morreu? O cara do Blindagem.
- Porra, morreu o Ivo, pois ele estava mal quando saí de lá.
Foi na igreja e mandou rezar uma missa para mim. Quando ele me viu, ficou branco. “Porra, pensei que você tinha morrido, mandei rezar missa para você”.

Como seria o Paulo Leminski sem as drogas?
Seria muito careta, muito babaca. Talvez seria ainda um seminarista. Aquilo fazia parte da loucura do Paulo, da vida dele. Eu também sou assim. Se eu mudar, cortar meu cabelo, virar caretão, vou virar caixa de banco. Se Deus me der chance, quero estar com 70 anos curtindo a vida.

Você é o líder do Blindagem?
Não, nós somos cinco. O Blindagem sempre foi um grupo, cada um com a sua personalidade. Tem um que é família, outro que é da zona... Todo mundo aprendeu a entender os delírios um do outro. A gente conversa muito para decidir as coisas. Às vezes brigamos, mas somos irmãos. Estamos ali juntos, sorrindo um para o outro. Trinta anos, ninguém escapa disso.

Como passou desses cânticos(Gospel) para o rock’n’roll?
Em 1966, ganhei um concurso aqui em Curitiba, apresentado pelo Julio Rosenberg, já falecido. Era o homem do dedo duro, muito conhecido no Brasil inteiro. Apresentava na televisão um festival que escolhia o melhor cantor e o melhor grupo musical do sul do Brasil. Eu ganhei como melhor cantor cantando música italiana. A banda que ganhou foi os Jetsons, um grupo de Palmeira, que viria ser A Chave. Estavam querendo começar a tocar. Já tocavam bem. Nos conhecemos ali. Eles tinham prometido, para os melhores, carro, gravação de LP e mil coisas. Sei que ninguém ganhou merda nenhuma. Aí eles não sabiam como fazer para dar alguma coisa para a gente, me deram um horário na televisão. Naquela época não existia vídeo tape. A televisão era ao vivo. Se errasse, dançou. Nós fizemos junto com o produtor, que já morreu e pegava toda a grana que eu ganhava. Eu era bobão, nem sabia que estava rolando grana por trás. Eu era manequim na época. Desfilava pela Magazine Avenida. Eu era tipo galã, cara.

Largou os smokings e a moda pelo rock?
A partir dos 20 desvirtuou tudo. Uma vez o Blindagem fez um show com todos nus. Foi no TUC. É que a gente estava meio de saco cheio daquela mesmice. Nesse show especialmente, estava lotado e todo mundo bêbado e louco. Era uma e meia da manhã. Aí nós chegamos primeiro, todo mundo de roupa no palco. Falamos assim: “Agora, vamos fazer o nosso show diferente hoje, para vocês. Vocês vão ter novidades, aguardem”. Fomos lá para trás, tiramos tudo e fomos tocar pelados. As meninas ficaram loucas. Queriam pular no palco, queriam nos agarrar, pegar a guitarra. E nós tocando sem parar o som. De repente, escutei um apito. Polícia, tudo entrando. Levaram todo mundo e nós também. Fomos para a delegacia. Aí ficaram uns 20 dali. Pegaram tudo chapado, com bagulho no bolso. Nós não tínhamos bolso.


JOGO RÁPIDO COM IVO RODRIGUES

Onde você gostaria de morar?
No Brasil mesmo.

Qual é o seu ideal de felicidade na Terra?
Poder ver meu trabalho ser reconhecido, ver minha família com muita saúde, meus amigos, eu também. E viver muitos e muitos anos com alegria, paz, felicidade.

Para quais erros você tem maior tolerância?
Burrice.

Quais obras literárias você prefere?
Herman Hesse, Castañeda. Esses escritores fudidos, que te deixam pensando.

Qual é seu personagem histórico favorito?
Os Beatles.

Seu pintor favorito?
Salvador Dali.

Seu músico favorito?
Pergunta cruel essa. Difícil responder, John Key, do Steppenwolf; Joe Cocker; Ray Charles, são muitos, muitos, e de todas as épocas.

A qualidade que prefere nos homens?
Amizade.

A qualidade que prefere nas mulheres?
Fidelidade.

Virtude que prefere?
Saber ouvir.

Sua ocupação favorita?
Música.

Quem você gostaria de ter sido?
Gostaria de ter sido um dos Beatles.

O que você mais aprecia nos amigos?
Cumplicidade, amizade.

Seu pior defeito?
Sincero demais.

O que você gostaria de ser?
Gostaria de ser um músico reconhecido por todos.

Sua cor favorita?
Branco.

A flor que mais gosta?
A papoula.

Qual pássaro preferido?
Se eu fosse punk, eu diria urubu. Se eu fosse Ozzy Osbourne, eu diria morcego. Acho que o meu é a águia.

Seus poetas favoritos?
Meu grande amigo Leminski, Baudelaire.

Como gostaria de morrer?
Sem encher o saco de ninguém.

Seu lema?
Aprender sempre e viver o máximo possível.
O mínimo de organização, para o máximo de curtida.

Blog do Curitibocas: http://curitibocas.blogspot.com
Link para baixar o livro em formato PDF: http://www.induscom.com.br/curitibocas.pdf

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2 Comentários:

Às 7 de outubro de 2009 às 12:29 , Anonymous indi disse...

Os bichos paranaenses sempre amaram o Ivo e o Blindagem. Queremos ver todos bem e com suas estrelas brilhando sempre. Bjs Indi

 
Às 8 de janeiro de 2010 às 15:05 , Anonymous Anônimo disse...

Cara sem noção.

 

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