segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Para onde vai a merda?

Chuva. Chuva. Chuva. Inundação. Torrentes de água descem a rua. Eu espio. De repente, no meio da enxurrada, vejo boiando um enorme troço. Um troção. Fico pasmo, não sei o que fazer. Me tranco no banheiro, sento no trono e pego o jornal. A manchete é de entortar o patuá, principalmente pra quem acaba de ver um troção navegando na enxurrada. Tá lá:
com quinze milhões de habitantes, São Paulo tem apenas trinta por cento de área urbana beneficiada com rede de esgoto.
Depois de ler isso, não me contive. Dei uma olhada na latrina. Calculei umas cem gramas de merda. Como nisso sou extremamente regulado, imaginei que cada habitante da cidade faz suas cem gramas diárias. Claro que sempre tem um com prisão de ventre, mas também tem outro com diarréia, e tem gente como o autor do troção; um pelo outro, dá cem gramas. Cem gramas diárias por pessoa. Faça as contas. Quinze milhões de pessoas cagando cem gramas por dia. No fim do dia, é um monte. No fim da semana, um montão. No fim do mês, uma montanha. No fim do ano, um montoeiro enorme.
Escoam 30%. Apenas 30%. Aí, me pergunto: os 70% que sobram, pra onde vão? Pra onde vão os 70% de merda que sobram?
Você aí, faz o cálculo, essa questão pode cair no vestibular. E aí, por causa de um monte de merda, você não entra noutra merda porque o ensino no Brasil é bem assim. Outro dia eu fui telefonar e a linha caiu numa faculdade. Me expliquei: "É engano". Do outro lado, responderam: 'Agora é tarde, já está matriculado".
Mas deixa isso de lado. O que quero contar e o que pesa na balança é que eu, que não vou me candidatar a nenhuma faculdade, não fiz o cálculo... Só imaginei que se quinze milhões de pessoas cagam cem gramas por dia e só 30% escoam, o que sobra é um monte, depois um montão, depois uma montanha, depois uma montueira enorme.
Saído banheiro, fui investigar aonde vai a merda. Depois de um tempo, descobri, pálido de espanto, que a merda toda de São Paulo cai em fossas, corre para os córregos, cai nos rios e vai sair na represa, A represa que fornece água para a cidade. Sabe o que isso significa? Um dia, você está na sua casa se arrumando pra sair, abre a torneira pra beber um copo d'água, seu cagalhão pula em você: "Voltei".
Pois é, numa cidade onde nenhum prefeito se preocupa pra onde vai a merda, naturalmente ninguém vai se preocupar com saúde pública, lixo na calçadas, lazer, transporte, educação, emprego, nem, nada. E é isso. Pra onde vai a merda toda na cidade mais rica do Brasil? Imagina nas outras...


CALCULE
Faça as contas. 15 milbões de pessoas cagando 100 gramas por dia. No fim do dia, um monte 15.000.000 X 100 gr. No fim da semana, um montão. O resultado X 7 dias. No fim do mês, uma montanha. O resultado X 4 semanas No fim do ano, um montoeiro enorme. O resultado X 12 meses Escoam 30%. Apenas 30%... .0 resultado X 30:100
Pra onde vão os 70% de merda que sobram?...
O resultado X 70:100

Esse texto atribui-se ao dramaturgo Plínio Marcos, escrito originalmente nos anos 1990. Reproduzi aqui porque estamos em ano de eleição e as vezes é bom refletir sobre coisas como essa. Já que fazemos tanta m**** no dia a dia, vamos tentar enviar o menos o possível pra Brasília, que ja produz tanto deste "material".

2 Comentários:

Às 12 de abril de 2012 às 09:11 , Anonymous カルロス - ハンター disse...

LoL o.o!(ótimo texto).

 
Às 8 de dezembro de 2012 às 08:37 , Anonymous Anônimo disse...

Sim, bom mesmo o_o

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial