segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Helena Kolody - Ela pintou estrelas no muro e teve o ceu ao alcance das mãos...

Filha primogênita de pais ucranianos, nasceu em 12/10/1912 em Cruz Machado, no "sertão paranaense", como dizia.

Exerceu duas profissões com carinhosa dedicação: professora de biologia e poeta. Deixou uma obra poética de um lirismo romântico, nos poemas curtos em linguagem simples (sua excelência), a marca de seu humanismo e o brilho de uma inteligência ímpar.

Em 1941 lançou seu primeiro livro de poesia: 'Paisagem Interior', no qual encontramos, pela primeira vez no Paraná em língua portuguesa, a publicação de seus três primeiros haikais. Destaque para 'Arco-íris', até hoje o mais popular:

Arco-íris no céu.
Está sorrindo o menino
que há pouco chorou.

Em entrevista ela contou que se interessou pelo haikai através do 'Jornal de Letras' e no aprendizado com a haicaísta paulista Fanny Dupré, com quem trocou correspondência e visitas.(No livro 'Pétalas ao Vento', 1949, de Fanny, há haikai dedicado a Helena).

Preferiu seguir a forma proposta por Fanny, do que o tão em moda haikai "guilhermino", de Guilherme de Almeida. Helena coloca título nos poemetos, mas raramente usa a rima ou a métrica. Sua produção de haikais é pequena (comparada ao restante da obra), mas têm um estilo bem marcante. Ela também fez primorosos tankas.

Em 1993, a comunidade nipônica curitibana, outorgou-lhe o nome haicaísta "Reika" ('perfume da literatura' ou 'renomada fragrância da poesia'). Se para ser haikai o poema precisa ter o "sabor do haikai", pode-se dizer que os de Helena, têm o "aroma de haikai".

Helena Kolody, juntamente com Paulo Leminski e Alice Ruiz, teve grande influência na expansão e afirmação do haikai paranaense. Ela não só foi a primeira, foi a que sempre colocou o haikai em seus livros marcando assim a presença do poemeto, independente das ondas e modismos.

Morreu em 15/02/2004, aos 91 anos.

Bibliografia:
Paisagem Interior (1941), edição da autora; Música Submersa (1945), edição da autora; A sombra no rio (1951), edição da Escola Técnica do Paraná; Poesias Completas (1962), edição da Escola de aprendizagem do SENAI; Vida Breve (1965), edição da Escola de Aprendizagem do SENAI; Era Espacial e Trilha Sonora (1966), edição da Escola de Aprendizagem do SENAI; Antologia Poética (1967), Gráfica Vicentina; Tempo (1970), edição da Escola de Aprendizagem do SENAI; Correnteza (1977, seleção de poemas publicados até esta data), Editora Lítero-Técnica; Infinito Presente (1980), Gráfica Repro-SET; Poesias Escolhidas (1983, traduções de seus poemas para o ucraniano), Tipografia Prudentópolis; Sempre Palavra (1985), Criar Edições; Poesia Mínima (1986), Criar Edições; Viagem no Espelho (1988, reunião de vários livros já publicados), Criar Edições; Ontem, Agora (1991), Secretaria de Estado da Cultura do Paraná; Reika (1993), Fundação Cultural de Curitiba; Sempre Poesia (1994, antologia poética); Caixinha de Música (1996); Luz Infinita (1997, edição bilíngüe); Sinfonia da Vida (1997, antologia poética com depoimentos da poetisa); Helena Kolody por Helena Kolody (1997, CD gravado para a coleção Poesia Falada); Poemas do Amor Impossível (2002, antologia poética); Memórias de Nhá Mariquinha (2002, obra em prosa); Viagem no Espelho (1995), Editora da Universidade Federal do Paraná.


Poema
Trêmula gota de orvalho
Presa na teia de aranha,
Rebrilhando como estrela.

Festa das Lanternas!
Os ipês estão luzindo
De globos cor-de-ouro.

Corrida no parque.
O menino inválido
aplaude os atletas.

Nas flores do cardo,
leve poeira de orvalho.
Manhã no deserto.

O brilho da lâmpada,
no interior da morada,
empalidece as estrelas.

A morte desgoverna a vida.
Hoje sou mais velha
que meu pai.

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